quarta-feira, 3 de julho de 2013

Aprendendo a Aprender, SER e CONVIVER

Antes de qualquer professor tentar realizar jogos psicodramáticos com seus alunos seria muito bom estudar, vivenciar e beber das melhores fontes do conhecimento sobre essa questão. Todos os meus anos de experiência dinamizando e incentivando diferentes grupos de Adolescentes sugerem essa iniciativa! Boa sorte!

Centro de Estudo do Professor Ivonilton com o G1 Tema Dinâmicas de Grupo

Surgimento e importância da dinâmica dos grupos

Por: Sergio Naguel
Surgimento da Dinâmica dos Grupos
Por volta de 1912, Jacob Levy Moreno, um jovem estudante de medicina começou a observar crianças brincando nos jardins de Viena. Acabava de opor-se a Sigmund Freud e começou a combater a Psicanálise: era contra o distanciamento do terapeuta, a ausência de relação face a face com o paciente, que ficava no divã, alheio, caracterizando a palpável diferença de status.
Moreno volta-se para os problemas das relações profundas, verdadeiras, significativas entre os seres humanos, enfatizando a relação afetiva, de compreensão e comunicação complexas, nos dois sentidos, baseada na empatia entre o EU e o OUTRO.
Segundo Moreno, para se conhecer a dinâmica de um grupo, é importante determinar antes a sociometria desse grupo: as características das pessoas que o compõem, o peso (importância) de cada membro, bem como a rede de inter-relações (o nível de afetividade).
No entanto, foi com Kurt Lewin, em 1945, que surgiu a expressão Dinâmica dos Grupos, explicando o conceito de dinâmica no sentido habitual da física, como o oposto à estática. Dinâmica é um conjunto de forças sociais, intelectuais e morais que produzem atividades e mudanças numa esfera específica.
Importância da Dinâmica de Grupo
A importância da Dinâmica de Grupo no que se refere ao desenvolvimento dos valores individuais e coletivos dento de um determinado segmento social é amplamente reconhecida. Estamos em busca do autoconhecimento, da responsabilidade, da confiança mútua, da integração grupal, da cooperação, da polidez, da benevolência, da capacidade de liderança, de decisão e de iniciativa. A relação que há entre o jogo e trabalho é indissociável, bastando notar o comportamento de nossos ancestrais primitivos. As atividades laboriosas como a caça e a pesca adquiriam característica de jogo. A Dinâmica de Grupo vem também revestida do modelo lúdico para, a partir daí, atingir os domínios afetivo, cognitivo e psicomotor dos integrantes do grupo.
É com base no grau de relacionamento estabelecido nos grupos e entre os grupos que se pode definir seu sucesso ou insucesso. O comportamento de um grupo é definido pelo comportamento de cada um dos seus integrantes, pela leitura pessoal que cada um faz do mundo, pelos valores que cada um atribui às coisas e aos fatos que o cercam e principalmente pelo objetivo que cada um almeja e seus métodos pessoais empreendidos para seu alcance.
Nos primórdios vivíamos em bandos; a evolução humana ensinou-nos que viver em grupos dá maior garantia à sobrevivência. Mas esse fenômeno não é tão simples assim. A dificuldade é conciliar o viver com o sobreviver e com o conviver. A Dinâmica de Grupos pode ser entendida como um meio que pode conduzir a este fim.
A dinâmica de grupo tem o poder de converter o participante em um elemento ativo, responsável por seu aprendizado, e permitir que o facilitador fique com a tarefa de efetivamente orientar, coordenar e promover a atividade.
A dinâmica de grupo é uma ferramenta muito poderosa que o facilitador tem em mãos, mas o uso que cada um faz dela é o que diferenciará um profissional de sucesso de um picareta. Como facilitador não se esqueça: o que for descoberto é experiência da própria pessoa, deve ser respeitado e ninguém é dono dessa experiência, além daquele que a experimentou. Não temos o direito de comentá-la fora do ambiente em que ela ocorreu. Somente pode fazê-lo o próprio sujeito que foi seu principal agente.
A dinâmica de grupo permite, a cada grupo em que é aplicada, vários momentos agradáveis e diferentes, os quais proporcionam resultados positivos, no que diz respeito à integração, aprendizagem, motivação, interesse, reflexão e conscientização. Ao longo da prática, pode-se observar mudança de comportamento dos participantes, novo posicionamento às diversas questões apresentadas, eliminação de barreiras interpessoais de comunicação e desenvolvimento de equipes. Os resultados são excelentes e de grande valor para o grupo.




http://www.saskiapsicodrama.com.br/Jacob-Levy-Moreno/jacob.html


JACOB LEVY MORENO - OBRA


Jacob Levy Moreno (1889-1974) psiquiatra judaico romeno, conhecido como o pai do Teatro Espontâneo, Psicoterapia de Grupo, Psicodrama e Sociodrama e Sociometria.

Moreno criou o “Teatro do Improviso” ou “Teatro Espontâneo”, gênero no qual os participantes amadores improvisavam acontecimentos do dia-a-dia. Com o Teatro Espontâneo Moreno percebeu que, através da representação, os indivíduos tomavam consciência de seus conflitos psicológicos, reconhecendo-os e ampliando novas possibilidades para lidar com suas dificuldades e situações conflituosas. Nasce assim o Teatro Terapêutico, o Psicodrama, a Psicoterapia de Grupo e o Sociodrama.

Um dos objetivos do Psicodrama, do Sociodrama e da Psicoterapia de Grupo é descobrir, aprimorar e utilizar os meios que facilitem o predomínio de relações télicas sobre relações transferências, no sentido moreniano. À medida que as distorções diminuem e que a comunicação flui, criam-se condições para a recuperação da criatividade e da espontaneidade. Moreno pretendia que a ação dramática terapêutica levasse a algo mais do que a mera repetição de papéis tais como são desempenhados no quotidiano. A ação dramática permite percepções profundas por parte do Protagonista e do grupo, a respeito do significado dos papéis assumidos.

SUA OBRA

Moreno nasceu em 1889, na Romênia (cidade de Bucarest). Viveu uma experiência interessante, que foi a brincar de ser Deus. Segundo ele, foi aí que surgiu a idéia de espontaneidade. Acreditava que no teatro existiam “possibilidades ilimitadas para a investigação da espontaneidade no plano experimental”. Com a criação do “ jornal vivo ”, estavam sendo lançadas as raízes do Sociodrama. Em 1931, introduziu o termo Psicoterapia de Grupo, onde teve sua origem científica. O Psicodrama foi introduzido no Brasil em 1930.

Segundo Moreno, o indivíduo deve ser concebido e estudado através de suas relações interpessoais. Ao nascer, a criança é inserida num conjunto de relações, primeiramente com sua mãe (que é seu primeiro ego auxiliar), seu pai, irmãos, avós, tios, etc.; este conjunto foi denominado de Matriz de Identidade.

O homem para Moreno é um indivíduo social, pois nasce em sociedade e necessita dos outros para sobreviver, sendo apto para conviver com os demais. Assim, ele criou a Socionomia, que significa o estudo das leis que regem o comportamento social e grupal.

A Sociodinâmica estuda o funcionamento (ou dinâmica) das relações interpessoais. Tem como método de estudo o role-playing, que permite ao indivíduo atuar dramaticamente diversos papéis, desenvolvendo deste modo um papel espontâneo e criativo.

A Sociatria constitui a terapêutica das relações sociais, e utiliza como método: a Psicoterapia de Grupo, o Psicodrama e o Sociodrama; como aplicação destes, Moreno vislumbrava a possibilidade de tratamento e de cura do social mais amplo. O Psicodrama é o tratamento do indivíduo e do grupo através da ação dramática. No Psicodrama de grupo o protagonista poderá ser um indivíduo ou o próprio grupo. A Psicoterapia de grupo prioriza o tratamento das relações interpessoais inseridas na dinâmica grupal. No Sociodrama, o protagonista é sempre o grupo e as pessoas estão reunidas enquanto mantêm alguma tarefa ou objetivo em comum

















A espontaneidade, a criatividade e a sensibilidade são recursos inatos do homem. Desde o início ele traz consigo fatores favoráveis a seu desenvolvimento, porém estes podem ser perturbados por ambientes ou sistemas sociais constrangedores.

Moreno não considerava o nascimento como um evento angustiante e traumático, concebendo o rebento humano como um agente participante desde esse momento. O fator E ou espontaneidade é a capacidade de responder adequadamente à situação, utilizada pela primeira vez no nascimento. O homem nasce espontâneo e deixa de sê-lo devido a fatores adversos tanto do ambiente afetivo-emocional (Matriz de Identidade e átomo social), quanto do ambiente social em que a família se insere (rede sociométrica e social).

A Revolução Criadora moreniana propõe o rompimento com os padrões de comportamento, valores e formas estereotipadas de participação na vida social, que acarretam a automatização do homem (conservas culturais).

Para que tenhamos o prazer de nos sentirmos vivos é preciso que nos reconheçamos como agentes de nosso próprio destino. A espontaneidade é a capacidade de agir de modo “adequado” diante de situações novas, procurando transformar seus aspectos insatisfatórios.

Para promover mudanças no ambiente, pensamos e agimos em função de relações afetivas, mesmo que não o façamos conscientemente.

A possibilidade de modificar uma dada situação implica em criar, e a criatividade é indissociável da espontaneidade (esta permite que o potencial criativo se atualize e se manifeste).

Segundo Moreno, a criança aos poucos, com o desenvolvimento de um fator inato, chamado Tele, vai distinguindo objetos e pessoas, sem distorcer seus aspectos essenciais; assim Tele é a capacidade de perceber de forma objetiva o que ocorre nas situações e o que se passa entre as pessoas.

Toda ação pressupõe relação, factual ou simbólica (relação com pessoas reais ou imaginárias, que têm sua presença representada). Toda relação pressupõe formas de comunicação.

O fator Tele influi decisivamente sobre a comunicação, pois só nos comunicamos a partir do que podemos perceber. Para Moreno, Tele é também uma “percepção interna mútua entre dois indivíduos”.

A empatia é a captação, pela sensibilidade dos sentimentos e emoções de alguém ou contidas, de alguma forma, em um objeto. Assim, Moreno escreveu certa vez que “o fenômeno Tele é a empatia ocorrendo em duas direções”.

Segundo Moreno, a transferência equivalia ao embotamento ou à ausência do fator Tele, e como o Psicodrama tinha por objetivo reavivar a espontaneidade e o Tele, a recuperação destes, seriam fatores de saúde mental e criatividade, superando o apego desfavorável a situações do passado. Uma parte do teste sociométrico, o “perceptual”, verifica a capacidade de cada elemento de um grupo de captar os sentimentos e expectativas dos outros em relação a ele.

Um dos objetivos do Psicodrama, do Sociodrama e da Psicoterapia de Grupo é descobrir, aprimorar e utilizar os meios que facilitem o predomínio das relações télicas sobre relações transferências.

O encontro é a experiência essencial da relação télica , é apelo para a sensibilidade do próximo, é apelo da espontaneidade.

É no momento do encontro e no momento da criação, onde há situações em que o ser humano se realiza, afirmando o que é essencial no seu modo de ser.

Moreno salientava que é importante pensar a respeito da interação humana levando em conta, principalmente, o tempo presente; trata-se de averiguar a relação presente e as correntes afetivas, tais como estão sendo transmitidas e captadas aqui e agora.

Segundo este, os “estados co-conscientes e co-inconscientes” são aqueles que os participantes têm experimentado e produzido conjuntamente e só podem ser reproduzidos ou representados conjuntamente.

A resistência interpessoal corresponde a uma resistência a reconhecer certos aspectos próprios, que cada um atribui ao outro, e que freqüentemente se apresenta como resistência frente ao outro; vencida esta resistência, a ação psicodramática permitiria a superação de conflitos co-inconscientes.

LIVROS

MORENO, J. L. Psicodrama. São Paulo: Editora Cultrix, 1975;

MORENO, J. L. Fundamentos do Psicodrama. São Paulo: Summus, 1983;

MORENO, J. L. O Teatro da Espontaneidade. São Paulo: Summus, 1984;

MORENO, J. L. Quem Sobreviverá? Fundamentos da Sociometria, Psicoterapia de Grupo e Sociodrama. Goiânia: Dimensão Editora, 1992, v. 1, 2 e 3;

MORENO, J. L. Psicoterapia de Grupo e Psicodrama. Campinas: Editora Livro Plena, 1999.

Fonte:

MARINEAU, René F. Jacob Levy Moreno – 1889-1974: Pai do Psicodrama, da Sociometria e daPsicoterapia de Grupo. São Paulo: Ed. Àgora, 1992


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